Reitor do Santuário de Fátima destaca “simbolismo” da Rota Carmelita
O reitor do Santuário de Fátima, Carlos Cabecinhas, destacou hoje o “simbolismo” da Rota Carmelita, que parte do lugar onde vivia a irmã Lúcia, em Coimbra.
“Esta rota das carmelitas tem vindo a ser trabalhada e estudada já há algum tempo. Obviamente que é particularmente simbólica, na medida em que parte da residência da irmã Lúcia – a mais importante dos videntes de Fátima – para chegar ao Santuário de Fátima e marca o esforço que se tem vindo a fazer de assinalar aquilo que são os caminhos dos peregrinos para Fátima. No caso concreto, tem esse simbolismo especial”, disse à agência Lusa Carlos Cabecinhas, à margem do Simpósio Teológico-Pastoral, que se iniciou hoje e que debate até domingo “Fátima Hoje: que caminhos?”.
Para o reitor do Santuário de Fátima, tem existido um esforço ao “longo dos últimos anos” para assinalar os caminhos de Fátima.
“Recordo a contribuição do Centro Nacional de Cultura, que marcou diversas rotas e que começa a ser consagrado precisamente com esta fixação de uma série de percursos, devidamente estruturados e sinalizados, com as condições para os peregrinos poderem chegar ao Santuário de Fátima”, lembrou.
A Rota Carmelita assenta num percurso maioritariamente feito pela Natureza e longe de estradas nacionais: “Procura evitar aquilo que são as grandes vias de automóveis”.
“Marca precisamente um esforço que se tem vindo a fazer de criar condições de segurança para os peregrinos, que se põem a caminho de Fátima. A peregrinação é um fenómeno vivo e, por isso, é preciso criar condições de acordo com aquilo que são os percursos procurado com os próprios peregrinos”, sublinhou.
A Rota Carmelita vai ligar o Carmelo de Santa Teresa, espaço em Coimbra onde viveu a irmã Lúcia, a Fátima, num percurso de 111 quilómetros maioritariamente feito pela natureza e longe de estradas nacionais.
O projeto, que contou com um investimento de 200 mil euros, passa pelos concelhos de Coimbra, Condeixa-a-Nova, Penela, Ansião, Alvaiázere e Ourém, conjugando a espiritualidade com um convite à descoberta do património paisagístico, natural e cultural da região.
Sobre o simpósio, Carlos Cabecinhas espera que, após os três dias de discussão, saia uma “reflexão amadurecida, profunda e pluridisciplinar sobre esse fenómeno vivo da peregrinação”.
“Muitas vezes, temos a perceção de que [a peregrinação] é um fenómeno marginal, mas é um profundamente vivo e em Fátima sentimo-lo como tal. Por isso, aquilo que espero que saia é uma reflexão que nos ajude a olhar para o fenómeno da peregrinação com outros olhos e tentar percebê-lo melhor para responder melhor aos anseios daqueles que nos visitam”, acrescentou o reitor.
Durante a sessão de abertura, o cardeal António Marto, bispo de Leiria-Fátima, referiu que a “peregrinação a Fátima tem particularidades singulares que lhe são impressas pelo conteúdo da mensagem na sua dimensão mística e profética, por alguns aspetos simbólicos característicos”.
Por exemplo, “a imagem da Virgem Peregrina já deu 16 voltas ao mundo e percorreu 645 mil quilómetros, o que é significativo”.
“É um fenómeno. Não é algo de marketing, é um fenómeno natural, acontece por si e tornou-se um verdadeiro ícone do que é a peregrinação”, sublinhou Marto.
À Lusa, Carlos Cabecinhas reforçou que “Fátima é sem dúvida um fenómeno e, no contexto português, tem características únicas que a obriga a ter respostas únicas para a enorme procura de peregrinos que chegam das mais diversas formas”.
“José Tolentino Mendonça dizia que a linha divisória entre o turista e o peregrino é muito ténue e nós em Fátima vemo-lo em cada dia. Não é fácil dizer: este é peregrino e aquele é turista, porque, muitas vezes, o peregrino assume a atitude de turista e o turista assume a atitude de peregrino participando nas celebrações do próprio Santuário”.